Preposições (3)

O que indicam esses exemplos? Indicam que há um elemento exôgeno que influencia a escolha e o estudo dessas marcas linguísticas.; a ele foi dado o nome de “expectativa normativa”.

Viggo Brøndal, linguísta estruturalista e reconhecido precursor dos estudos sobre as preposições, afirma que “[a] prática pedagógica e as preocupações com o purismos constituíram um importante obstáculo para o desenvolvimento de uma teoria sobre as preposições” (1950, p.07). O autor se refere à Antiguidade, sobretudo aos estudos propostos por gramáticos romanos que, na busca de modelos factíveis para o ensino, “escond[iam] quase tudo que haveria de descrição gramatical e de lexicologia” (idem).

O comentário me permanece bastante atual. Tema recorrente em apostilas para a preparação de concursos públicos e em material didático formal, o uso normativo das preposições mantém status de item de avaliação de domínio gramatical pelos falantes. Tudo se passa como se o uso e o estudo sobre as preposições fossem determinados não apenas pelas dinâmicas e modificações naturais às línguas mas também pelo peso excessivo de uma normatividade escolar agressivamente expressa pelos comandos paragramaticais das publicações de concurso (cf. M. Bagno, 2000).

‘Erro craso’, ‘afronta ao idioma’, ‘grosseria gramatical’, ‘corrupção do idioma’, ‘estupidez gramatical’ e ainda ‘desrespeito à norma culta’ ou ‘absurdos em gramática’ são expressões recorrentemente usadas diante da variação na escolha de preposições mesmo em casos em que não há nenhum prejuízo comunicativo. Essa prática policialesca, ecoando Brøndal, afeta o seu uso, posto que se cria uma “expectativa normativa” ruim no ambiente escolar.

Sobre Pedro Perini-Santos

linguista.
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4 respostas para Preposições (3)

  1. Eu passei para deixar um exclarecimento Só tchauuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!

  2. Ana Clara disse:

    Estude para saber (y)

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